sábado, 7 de março de 2009

hora do conto: Dona Baratinha.

DONA BARATINHA

Era uma vez, no tempo em que os bichos falavam, uma baratinha muito trabalhadeira. Ela gostava de manter sua casinha sempre limpa e em ordem, com os móveis bem espanados, as panelas brilhando e vasos de flores espalhados por todo canto.
Um dia, ela estava varrendo a casa, quando encontrou, atrás da porta, três moedas de ouro. Naquele tempo, as coisas eram baratas, e uma moedinha de ouro tinha um grande valor. Por isso, Dona Baratinha ficou feliz com seu achado e logo fez uma lista de tudo o que precisava comprar.
Mobiliou de novo a casa inteira, mandou fazer um enxoval muito bonito, comprou roupas e sapatos novos e ainda sobrou dinheiro. Quando já não sabia mais o que comprar, Dona Baratinha guardou o resto do dinheiro dentro de uma caixinha.
Agora que estava rica e elegante, que tinha uma casa com mobília novinha e um lindo enxoval guardado no baú, Dona Baratinha achou que estava na hora de se casar.
À tardezinha, vestiu as roupas mais bonitas, fez um belo penteado com um lindo laço de fita e, toda perfumada, foi para a janela esperar os pretendentes.
Ela cantava:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O primeiro a aparecer foi o cavalo, o animal mais elegante da cidade. Ao ver Dona Baratinha na janela, toda bonita e perfumada, o cavalo a cumprimentou com educação, e ela aproveitou para cantar:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha,
que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
- Oh! Tão linda senhorita, claro que quero!
- Diga primeiro, cavalo, como é que você faz quando dorme?
O cavalo se preparou, estufou o peito e deu um relincho tão forte que Dona Baratinha, assustada, respondeu:
- Deus me livre de tal noivo, relinchando dessa maneira. Terei sustos o dia todo e medo a noite inteira!
Triste, de orelhas caídas, lá se foi o cavalo, afastando-se pela estrada.
Dali a pouco, Dona Baratinha viu aproximar-se, com passos lentos, um boi. Ela cantou sua música, o boi respondeu que aceitava se casar com ela. Então, ela lhe pediu que mostrasse como fazia à noite quando dormia. E o boi mostrou:
- Muuuuuu!
- Deus me livre de tal noivo! Que barulho assustador!
E lá se foi, desiludido, o pobre boi.
Depois do boi, apareceu o cachorro. Dona Baratinha gostou bastante do novo candidato: era valente, esperto, alegre, mas ela não deixou de lhe fazer a mesma pergunta. Quando o cachorro soltou seu forte latido, Dona Baratinha quase morreu de susto e disse:
- Não, não e não! Desse jeito não conseguirei dormir.
E ali ficou ela mais um tempão, debruçada na janela, cantando sua canção. De repente, viu desfilar à sua frente um charmoso gato branco.
- Que belo gato! – disse ela – E cantou para ele: “Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?”
E o gato disse:
- Que maravilha de senhora, claro que aceito.
- Diga primeiro, gato, como é que você faz à noite ao dormir?
O gato soltou um miado tão fino que Dona Baratinha até tremeu de susto.
- Deus me livre de tal noivo, miando dessa maneira!
Dona Baratinha ficou desanimada. Não aceitou nenhum dos bichos como noivo. Já estava quase desistindo da idéia de arranjar um noivo, quando viu Dom Ratão virar a esquina. Ele vinha todo elegante. Assim que passou debaixo da janela, Dona Baratinha resolveu fazer mais uma tentativa e cantou sua canção:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O rato, ouvindo, respondeu rapidamente:
- Oh! Linda, maravilhosa e perfumada senhora, claro que aceito.
Então, ela lhe pediu que mostrasse como era o barulho que ele fazia à noite.
O rato fez para a futura noiva ouvir o seu “Qui... qui... qui...” suave.
Dona Baratinha apreciou a voz do rato e foram, então, combinar a data do casamento.
Providenciaram tudo – convites, enfeites, trajes – e marcaram o casamento para dali a dois dias.
Dona Baratinha e Dom Ratão contaram com a ajuda de vários parentes e amigos. A bicharada recebeu o seguinte convite:

NA IGREJINHA DA PRACINHA, NUMA BELA CERIMÔNIA,
NO DIA 7, ÀS 10 HORAS,
DONA BARATINHA E DOM RATÃO VÃO SE CASAR.
ESTÃO TODOS CONVIDADOS.
APÓS A CERIMÔNIA, HAVERÁ UMA BELA COMEMORAÇÃO, COM
COMES E BEBES E UM DELICIOSO CALDO DE FEIJÃO.


Ah, o caldo de feijão! Ele transformou a vida de Dom Ratão. Vou contar a vocês o que foi que aconteceu.
Logo de manhã, Dom Ratão foi direto para a casa da noiva. Sentou-se no sofá e ficou observando Dona Baratinha que, toda agitada, preparava um banquete delicioso para a festa de casamento.
Acontece que Dom Ratão era muito comilão. Cada vez que a noiva passava à sua frente carregando alguma coisa gostosa, os olhos dele ficavam arregalados de gula. Ela estava preparando pratos tão deliciosos e do fogão vinha um cheiro tão agradável que a cada minuto Dom Ratão achava mais difícil resistir e continuar sentado no sofá.
Até que, de repente, Dona Baratinha tirou da despensa, bem no focinho do noivo, um enorme pedaço de toucinho defumado.
Esse era o prato preferido de Dom Ratão. Ele ficava louco quando via toucinho à sua frente.
Nessa hora, o comilão quase se levantou do sofá, mas teve tanta vergonha de lhe pedir um pedaço que a única coisa que pôde fazer foi ficar sentindo o cheiro.
Acabou chegando a hora do casamento, e Dom Ratão não teve outro jeito senão dar o braço à noiva e sair para a igreja. No meio do caminho, entretanto, teve uma grande idéia. Virando-se para Dona Baratinha, disse:
- Chi! Esqueci as minhas luvas! É melhor você ir na frente que eu a alcanço depois.
Mal entrou na casa da noiva, foi diretamente para o fogão. Tão desesperado estava, com tanta gula, que se debruçou sobre a panela de feijão tentando apanhar o cobiçado pedaço de toucinho. Ao subir naquela altura, Dom Ratão ficou zonzo, escorregou... e bum! Caiu dentro da panela de feijão.
Na igreja, a noiva e os convidados esperavam impaciente. Vendo que o noivo não aparecia, resolveram ir atrás dele.
Correram até a casa e se cansaram de tanto procurar. Dom Ratão não estava em lugar nenhum. De repente, alguém gritou:
- Dom Ratão caiu na panela de feijão!
Foi aquela confusão: Dona Baratinha desmaiada e a bicharada desesperada! Com dois garfos, os cozinheiros suspenderam Dom Ratão pela cauda e ele saiu todo sujo de feijão.
O guloso, porém, teve sorte, pois o feijão não estava muito quente. Ele saiu pingando feijão, todo sem graça e com muita vergonha.
Dona Baratinha ficou muito triste. Ela chorava sem parar. Foi amparada por alguns convidados, enquanto outros acompanharam Dom Ratão para que tomasse um banho.
Depois de limpo, Dom Ratão voltou à sala e pediu perdão a Dona Baratinha. Os amigos intercederam em favor dela, afinal ele tinha defeitos, mas tinha muitas qualidades também, e , assim, acabaram convencendo Dona Baratinha a perdoar o noivo. Voltaram para a igreja, casaram-se e foram felizes para sempre.

*Adaptação das autoras (Coleção “Baú do Professor”)

-CONFECCIONEI MÁSCARAS DOS PERSONAGENS E A JANELINHA EM EVA PARA AUXILIAR NA HORA DO CONTO:













3 comentários:

  1. muito legal a história da baratinha, ouvi quando era criança. Navegando na net,procurando a historia da dona baratinha achei no seu blog. Muito legal mesmo. copiei pq tenho que contar uma historia em inglês e vai ser esta! um abraço! Samea Priscylla - RJ
    prysla_17@hotmail.com

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  2. adorei....
    Sou contador de historia...

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  3. Gostei muito, estava a procura desta história, eu gostaria de saber se eu poderia em uma aula para o EJA com alunos até a faixa de idade de 60 anos , eu poderia contar esta história fazendo toda a incenação, com tudo que tenho direito.

    Poderia me responder?

    Abraços

    Jaline. e-mail: jack.line.assiss@hotmail.com

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Prometo:

Prometo valer-me do conhecimento que me foi dado como instrumento de mudança e construção de um mundo onde o homem possa realizar-se com liberdade. Prometo, no exercício de minha profissão, enfrentar os desafios que a educação me propõe, com criatividade, perseverança e competência, buscando novos caminhos para o processo educacional. Prometo envolver-me com meus alunos no espaço que existe entre teorizar e viver a prática, porque acredito ser nesse espaço que educadores e educandos se encontram e se transformam mutuamente. Prometo não isolar no gabinete da Administração Escolar, mas dele partir para uma realidade mais abrangente, em que eu possa enxergar o homem no seu contexto social e político e que o meu trabalho na educação tenha um sentido justo, observando sempre os dispositivos legais e éticos da profissão.